MDB nacional ignora Puccinelli e deixa caminho livre para Tebet ser candidata

O ex-governador não aceita que a ministra do Planejamento e Orçamento mantenha apoio à reeleição do presidente Lula

Correio do Estado / Daniel Pedra


Ministra do Planejamento e Orçamento, a sul-mato-grossense Simone Tebet recebeu, ontem, sinal verde da executiva nacional do MDB para sair candidata a uma das duas vagas no Senado pelo partido em Mato Grosso do Sul nas eleições gerais do próximo ano.

O aval veio após consulta feita pelo Correio do Estado à direção nacional da legenda, sobre a possibilidade de a ex-senadora tentar retornar ao cargo em 2026 pelo partido, já que o ex-governador André Puccinelli, presidente de honra da legenda no Estado, declarou, no dia 4 de julho, que, para ela ser candidata, teria de deixar a sigla ou trocar Mato Grosso do Sul por São Paulo, em razão da aproximação com o PT.

Em nota oficial enviada ao jornal, o MDB Nacional disse que “nenhuma decisão foi tomada” sobre a questão, entretanto, completou que “se o tema chegar à executiva nacional, será deliberado de forma colegiada”. “De antemão, informamos que Simone Tebet tem todo o apoio para ser candidata em Mato Grosso do Sul, se ela decidir por esse caminho”, destacou o partido.

Na terça-feira, em entrevista ao canal de TV a cabo GloboNews, Simone Tebet afastou a possibilidade de não apoiar a provável candidatura do presidente Lula (PT) à reeleição. 

“Estou em um ministério que não é qualquer ministério. [Lula] me deu a chave do cofre na mão. Então, independentemente de onde iria ou vai o meu partido, não tenho condições de estar em outro palanque a não ser no palanque do presidente Lula”, afirmou.

Já na semana passada, em conversa com o Correio do Estado, Tebet negou que pretendia trocar Mato Grosso do Sul por São Paulo, e o MDB pelo PT, para disputar uma cadeira ao Senado nas eleições do próximo ano.

“Meu estado se chama Mato Grosso do Sul”, afirmou a ministra com exclusividade à reportagem, rebatendo as notícias que foram publicadas a esse respeito pela mídia nacional e reproduzidas pela estadual. “Muita gente falando isso por aqui em Brasília [DF], mas não procede”, reforçou.

No mês passado, em Campo Grande, Simone Tebet falou sobre a chance de sair candidata a senadora. 

“Eu acho que está um pouquinho longe do processo eleitoral. Hoje, o meu papel é servir Mato Grosso do Sul servindo o Brasil. Não é pouca coisa, hoje, cuidar de todo o Orçamento brasileiro e, diante de todas as dificuldades, quero continuar ajudando Mato Grosso do Sul”, afirmou.

Ela assegurou que, se tiver de ficar até o dia 31 de dezembro de 2026, e for importante para Mato Grosso do Sul, permanecerá no cargo de ministra. “Se eu tiver que servir ao Brasil cumprindo alguma missão com alguma candidatura, eu vou conversar com o presidente Lula, com o governador Riedel [de MS] e com o meu partido”, avisou.

EX-GOVERNADOR

No início deste mês, o ex-governador André Puccinelli disse que a ligação de Simone ao presidente Lula inviabilizaria sua candidatura ao Senado pelo partido no Estado. 

“Se ela quer ser candidata ao Senado, é um direito que ela tem, mas ela se filia ao partido do Lula e sai com o Lula. Se ela quiser continuar apoiando Lula, só se for em outro partido que não seja o MDB”, disse ao site Campo Grande News.

Ele ainda lembrou que o PT é um rival histórico do MDB nas disputas em Mato Grosso do Sul. “O PT não nos tolera, o PT nos detesta”, completou Puccinelli, apontando que a maioria dos emedebistas sul-mato-grossenses não concorda com a aproximação de Simone ao governo petista.

“90% do partido no Estado não quer ela como candidata ao senado pelo MDB apoiando o Lula. Para que ela possa ser candidata pelo MDB, ela tem que sair do governo federal, dar declaração pública dizendo que se enganou, que não estava com o Lula, aí, quem sabe, no lançamento das candidaturas que é feito pelo diretório estadual, aí ela consiga ter a vaga de senado, senão não”, defendeu o ex-governador.

O posicionamento de André é compreensível, afinal, o MDB fechou uma aliança com o governador Eduardo Riedel e com o ex-governador Reinaldo Azambuja, ambos tucanos, para apoiar a reeleição do primeiro e a candidatura do segundo ao Senado. Ou seja, a candidatura de Simone pode prejudicar a candidatura de Azambuja, que está em vias de ingressar no PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Saiba

O Senado tem 81 senadores representando os 26 estados e o Distrito Federal. São três cadeiras para cada estado, e 54 vagas estarão em disputa nas eleições de 2026. O mandato é de oito anos e dois novos senadores vão representar MS. Cada senador é eleito com dois suplentes.


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